Ainda não tinha escrito sobre meu relacionamento com os Moradores de Rua!
Não posso deixar que me imputem o rótulo de ingrato e que digam que cometi apostasia.
Não que eu ligue para o que porventura venham falar de mim.
Logo eu, que me inspiro em Diógenes de Sinepo, Diógenes, o Cão!
Enfim, desde que vim morar em Santos novamente por volta de 2010, tenho encontrado muita Sabedoria ouvindo as histórias de Vida dos meus Amigos em Situação de Rua.
Sou testemunha ocular de seus feitos para conseguirem sobreviver.
A bem da verdade, eu fiquei duas semanas dormindo nas Ruas depois de um desentendimento com minha Mãe.
Porém, isso se deu da primeira vez que vim morar no Kitnet dela, no começo dos anos 2000.
Por que conheço bem a realidade das Calçadas?
Simples!
Estava já com Síndrome do Pânico e muita Depressão e não tinha Força alguma para trabalhar.
E o Homem, só tem valor na Sociedade enquanto ele provém financeiramente, ou esposa, ou parentes, e eu não tinha como ainda não tenho dinheiro para comprar um Coca Cola que seja, e apresenta do Transtornos Mentais...
Essa combinação foi fatal.
Hoje, minha Mãe e Irmã Wendy e Irmão Wendell compreendem o meu caso, os meus problemas um pouco mais, mas na época não foi assim.
Fui ao Inferno e vivi no Guehinom e cá estou.
Fui morar em Vagas de quartos em Bairros Barra Pesada.
Até que fui parar na Rua e até comi pizza do lixo na madrugada com fome enquanto vagava procurando bitucas de cigarro.
Contudo, o que quero falar é que estando Pobre, todas as pessoas que eu conhecia desde a adolescência, me abandonaram e andando na Orla da praia, no maior Jardim extenso do mundo que fica em Santos conheci muitos trecheiros, pessoas com uma mochila nas costas sem destino no Trecho.
E é tudo o que o Eduardo Marinho fala!
Junto deles, eu tomei muita água que passarinho não bebe, cachaça de corote de café da manhã e ficávamos semtados nos bancos da praia espremidos.
Trocava afetos sem nenhuma intenção sexual!
Abraçava-os e ainda os encontro e os abraço.
Perdi por volta de 15 amigos devido a cachaça e a cirrose e outras drogas e doenças.
Só um segundo!
O lance mesmo é que as pessoas que moram na Rua, foram as únicas que me estenderam a mão, que me ouviram, que estavam comigo porque definitivamente, pegamos a estrada errada da Vida, e não nos encaixamos no Sistema.
Esse é o Ceará!
Aprendi muita coisa e me diverti muito com ele que era muito engraçado, afinal ele era nascido em Sobral, a Yerrinha do Renato Aragão.
De vez em quando o trazia para o kitnet da minha Mãe para tomar banho e fazer uma macarrão.
Ele adoeceu devido à cachaça e bêbado bateu a cabeça e foi a óbito.
Para mim, ele não morreu, assim como o Gigante de quem tiraram mais de 70 Bernes da perna dele na Santa Casa de aSantos, Zé Fantinha que morreu sem saber que eram seus pais, Bobolha, Keka, Barriga de Bosta que viveu anos na Rua com uma Bolsa de Colostomia o Trabalhador (Gaúcho) , Alex, e outros.
Enfim, a verdade é que na Rua existe uma Lei fundamental: Ser Humilde!
Se você nåo for humilde, corre o risco de morrer.
Outra Lei que aprendi na Rua: É sem história triste!Isso quer dizer que quando nos encontrávamos, histórias tristes não eram bem vindas porque contar problemas para quem mora na Rua é um absurdo.Eles têm as histórias mais tristes de todas e quase nunca as contam.
Outra coisa: A maioria deles vivem a base da Fé em Cristo.
Certa vez, estava eu o Ceará e o Ivan e chegou um figura descalço perguntando se alguém tinha um par de chinelo porque ele precisava pegar um ônibus para Sampa e não podia entrar no ônibus descalço.
No mesmo segundo o Ceará levantou, tirou os chinelos dos próprios pés e os deu ao figura e ficou descalço.
Eles não vivem reclamando da vida ou invejando quem tem dinheiro, eles só querem viver o momento, até porque não sabem se termirão o dia vivos.
Outra Lei que aprendi: Cada um, uma Caminhada.
Isso quer dizer que quando eles quebram o protocolo e contam suas histórias você eu ficava e fico abismado. E outra Lei que aprendi é: sempre pode piorar.Então não reclame da vida!
Então fica assim!
Não vou me estender mais, porque não dá para traduzir em palavras o Carinho que sinto por todos eles.
Só pra constar, reencontrei meus amigos da adolescência, mas nosso relaciomento é 99% virtual e por WhatsApp.
Tanto o Grupo do Judô do Projeto Futuro de São Paulo de 1986/1987 quanto a rapaziada do Old School Rock n Roll já me ajudaram financeiramente também e com mantimentos.Afinal, vivo de doações.
Sou grato de coração por ter tido a Honra de ficar em malocas e cozinhar o que sobrava das feiras, em latas de tinta e ouvir suas histórias.
Eu queria ter 50% da Coragem que as pessoas que sobrevivem na Ruas, tem e só de pensar que na cidade de Såo Paulo têm 52 mil moradores de Rua, isso me deixa totalmente consternado.
P.S. Geralmente nesse Blog, não faço postagens de Rockstars Aniversariantes vivos ou falecidos.
Sei que é uma falha minha mas também não escrevo nada quando um Rockstar morre e sobre tantos que já foram desta para melhor.
Porém, hoje, coincidentalmente é o dia que lembramos que em 21 de agosto de 1989 Raul Seixas morreu, mas como todos os outros e outras, continuam vivos em seus respectivos legados.
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