sexta-feira, 5 de junho de 2020

I'm On My Way

Sofro, logo existo!

Parece exageradamente dramático, näo acha? 

Antes, quando mais jovem, eu seria o primeiro a concordar que sou sim dramático porque é minha natureza de leonino, afinal era o que diziam a meu respeito com o devido despeito quanto aos meus sentimentos e a resposta estava no meu signo ser de leão.

Porém, o tempo passou e os entusiastas de outrora que acreditavam e aguardavam ansiosamente a Nova Era onde transcenderíamos tudo o que nos apequenava e limitava e teve milhares de representantes da New Age que popularizaram a ideia que faríamos contato com alienígenas e hoje são esses ávidos consumidores de antidepressivos.

Também pudera, todos tinham a fórmula dessa tal felicidade e todos entoavam o mantra que formou muitos gurus da autoajuda: É você quem cria a sua Realidade.

Se isso fosse verdade, certo que o mundo não estaria chafurdado na merda que está.


Não!

A baita empreitada de mudar a si mesmo, definitivamente não muda o que acontece no mundo externo, apenas muda como você reage a ele.

No entanto, a questão central é que as pessoas voltaram a questionar coisas como: a felicidade existe?


Bem, eu parto da premissa que se muito antes dos Filósofos Gregos todos vem tentando responder essa pergunta fica evidente que a Felicidade não existe.
Claro, o prazer existe, mas é sabido que o prazer se manifesta primeiro como o desejo que precisa ser satisfeito para preencher uma falta.

Você deseja algo que não tem e que lhe faz falta e sofre pela falta desse algo.

Então você sofre de ansiedade para realizar o desejo e isso tudo de ansiedade que acarreta stress, aumenta significativamente se você tiver que trabalhar horas a fio para comprar o mais recente e caro Iphone. 

Daí, você obtém o que tanto desejou e tem sua cota de hormônios do prazer e isso pode durar mais que um pouco, mas depois vem o desencanto com o que adquiriu e assim você passa a desejar outras coisas.

Somos seres insaciáveis, logo a Felicidade não está em se poder realizar todos os desejos para se ter prazer eternamente até antes de você envelhecer e começar a definhar e morrer.




Se a tal Felicidade fosse conseguir tudo o que se quer Mick Jagger seria o homem mais feliz do planeta, tanto que ele compôs God Gave Me Everything.


Às vezes, tenho uma postura de Diógenes o Cão que foi o mais célebre filósofo da escola do cinismo, tanto que outro dia encontrei a Felicidade num saco de biscoitos de polvilho.


Sexo e Felicidade duram o quanto dura um orgasmo, mas ter depois que cuidar de filhos é perene e eles costumam quando maiores se voltarem contra seus pais.


Falei do concorrido, disputado e suado prazer idealizado, sonhado e desejado, mas a vida oferece muito mais desprazeres e dissabores que prazer.


Para o meu falecido ídolo Antonio Abujamra, a Felidade é um lixo de ilusão e a Vida é uma causa perdida.

Sendo assim, recorro a máxima de Albert Camus no livro "O Mito de Sísifo": "Só há um problema sério filosófico: o suicídio.Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a pergunta fundamental da filosofia". Destarte, confirmando a célebre asserção de Sócrates:"Só sei que nada sei." convoco a sabedoria lúgubre de H.P. 

Lovecraft:"Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a mares negros de infinitude e não fomos feitos para ir longe."


Porque a Felicidade só existe para os ingênuos e principiantes, uma vez que tudo tem que morrer, nascemos e viemos à Vida sem etiqueta informando quando o prazo de validade irá expirar.

Nascemos com a sentença de Morte e se tivermos menos azar do que sorte não morreremos de morte trágica e violenta enquanto fazíamos sérios planos para quando fôssemos ser felizes para sempre.

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