domingo, 23 de julho de 2023
Minha Mãe!
Muita Força Cósmica para a Senhora, Minha Nobre Guerreira e Amada Mãe Cecilia Villas Boas Alves !
Eu e o Lobato estamos com Você e Você e o Lobato estão em Mim.
Deus está está dentro da Senhora e de Todas as Pessoas e Seres!
Deus é a sua Própria Criação, a NATUREZA, com Sua Diversidade, Belezas, Doçuras e Crueldades, e Deus está em Nós, Está no Meio de Nós, Somos Nós, mas também, está Além de Nós!
Porém, o Espírito de Deus é uma Centelha Divina, é uma Fagulha do Primeiro Universo Criado Totalmente Imaterial e Inimaginável, e assim, Somos Feitos do Primeiro "Vaso" que se Formou e que não Suportou Conter a LUZ INFINITA e se Estilhaçou, por isso, estamos Separados e por tal, na Criação, Deus, Separa os Elementos para poder Criar o "Cosmos", palavra grega, que significa "Ordem" e Somos tal que Ordenados, assim, em nossas Individualidades, Formadas do Chaos e por isso, diz-se "... A Terra era sem Forma e Vazia..." no Gênesis, Capítulo 1.
Por isso, Somos "Um" Microcosmos, parte de um Macrocosmos.
Então, Somos um Fragmento do Espírito de Deus, uma Gota do Oceano que está em Nossos Corações que se esconde no Mistério do Espírito Santo, na Forma da Pomba adotada que também é o Símbolo do Pássaro do Planeta Vênus!
E o Fogo Olímpico que é representado pela Tocha Acesa, a Chama do Olímpo que é carregada pelos Corredores nas Aberturas das Olimpíadas e representa também, o Intelecto Sagrado de Deus que Arde em nossas Mentes e que também nos Tenta e pode até nos Consumir, mas, com a Sabedoria, nos Redime.
Somos "Um" em Deus e ao mesmo Tempo, Somos Pó e ao Pó tornaremos.
"A Natureza não passa de um espelho de Deus."
Rumi
"Na realidade, tua alma e a minha são a mesma.
Aparecemos e desaparecemos um com o outro.
Este é o verdadeiro significado das nossas relações.
Entre nós, já não há nem tu, nem eu."
Rumi
sexta-feira, 21 de julho de 2023
To My Daddy!
Um Sonho de Liberdade
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Era uma vez...Artistas que morreram cedo!
Wake Up Neo!
"Era uma vez um sábio chinês que sonhou que era uma borboleta. Quando ele acordou, ficou com uma dúvida o resto de sua vida: Será que ele era um sábio chinês que sonhou que era uma borboleta? Ou será que ele era uma borboleta sonhando que era um sábio chinês?"
Time!
"O questionamento de Santo Agostinho sobre o tempo é um dos mais famosos da filosofia. Ele sintetizou sua dificuldade em definir o que é o tempo no seguinte parágrafo de suas Confissões:
"Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; porém, se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei."
Nessa frase, ele expressa sua perplexidade diante da natureza do tempo, que parece ser algo evidente e intuitivo, mas que se torna obscuro e misterioso quando se tenta conceituá-lo racionalmente. Ele também questiona a existência do passado e do futuro, que não são mais ou ainda não são reais, e do presente, que é fugaz e transitório. Ele conclui que os tempos são três: presente das coisas passadas (memória), presente das coisas presentes (visão) e presente das coisas futuras (esperança) . Esses três tempos existem na mente ou na alma humana, e não no mundo exterior."
"O passado não existe mais, pois já se foi.
O presente é fugaz, pois logo se torna passado.
O futuro não existe ainda, pois ainda não chegou."
" Segundo o site Engenharia é, a teoria do bloco do tempo é uma ideia que propõe que o passado, o presente e o futuro coexistem "agora" em um gigantesco bloco quadridimensional do espaço-tempo, contendo todas as coisas que já aconteceram e acontecerão. Nessa visão, o tempo não flui nem avança, mas é uma dimensão eterna e estática, assim como o espaço. Nós só percebemos o presente porque estamos em um ponto específico do espaço-tempo, mas poderíamos estar em outro ponto e perceber outro tempo¹³.
Segundo o site Wikipédia², a teoria do bloco do tempo se opõe à teoria do presentismo, que afirma que só o presente existe e que o passado e o futuro são ilusórios. A teoria do bloco do tempo se baseia na teoria da relatividade de Einstein, que mostra que diferentes observadores podem discordar sobre a simultaneidade de eventos, dependendo da sua velocidade e gravidade. Assim, não há um presente absoluto ou universal, mas vários presentes relativos².
Segundo o site Engenharia é, a teoria do bloco do tempo implica que a viagem no tempo seria possível, em teoria, se pudéssemos viajar a uma velocidade próxima à da luz ou usar um buraco de minhoca como atalho para outro "local" no espaço-tempo. No entanto, isso não significaria que poderíamos mudar o passado ou o futuro, pois eles já existem no bloco e estão interligados com o presente. Assim, qualquer ação que fizéssemos no passado já faria parte dele e não alteraria o presente¹.
Portanto, a teoria do bloco do tempo é uma forma de entender o tempo como uma dimensão imutável e coexistente com o espaço, na qual todos os eventos são igualmente reais e existem simultaneamente."
.......
Segundo o site Respostas Bíblicas, o tempo de Deus não é o nosso tempo. O tempo de Deus é perfeito, não há atrasos ( Gálatas 4:4 ). O tempo de Deus está relacionado ao tempo oportuno para cumprimento do Seu propósito ou vontade. Não pode ser medido ou cronometrado, mas atua na nossa história consoante à Sua vontade¹.
Segundo o site Toda Matéria, o predeterminismo é uma forma de determinismo que afirma que tudo o que acontece já estava previsto ou planejado por alguma causa superior ou divina. O predeterminismo se opõe ao livre-arbítrio e à possibilidade de mudança ou escolha.
Segundo o site Online Bible, a Bíblia apresenta algumas passagens que podem sugerir uma visão predeterminista do tempo, como:
- Jeremias 8:7 - Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do SENHOR.
- 1 Crônicas 12:32 - Dos filhos de Issacar, duzentos chefes, entendidos na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, e todos os seus irmãos seguiam as suas ordens.
- Isaías 46:10 - Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.
No entanto, segundo o site Respostas Bíblicas¹, a Bíblia também apresenta algumas passagens que podem sugerir uma visão não predeterminista do tempo, como:
- Deuteronômio 30:19 - Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.
- Ezequiel 18:23 - Acaso tenho eu prazer na morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?
- 2 Pedro 3:9 - O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
Portanto, a relação entre o tempo e o predeterminismo na Bíblia pode ser ambígua ou contraditória, dependendo da forma como se interpreta as Escrituras. Algumas passagens podem indicar que Deus tem um plano pré-definido para tudo e todos, enquanto outras podem indicar que Deus dá liberdade de escolha aos seres humanos e respeita as suas decisões."
Night & Day é Dia de Rock n Roll!
segunda-feira, 10 de julho de 2023
Triumph
Talvez todos os seres sencientes do Universo, são cada um deles, uma Variável Energética dos Atributos do Todo, da Fonte, numa forma de Animismo ao perceberem , sentirem, seja o que for, especialmente através do Arquétipo grego da "Necessidade" Ananke juntamente com Eros que Une Tudo.
Necessidade que é impulsionada pelos Desejos que são responsáveis pela sobrevivëncia de cada ser senciente , como Potência em busca de mais Potência para continuar perdurando, digo, a Soma de Todas as Percepções de cada Ser, cada Variável Matemática e Geométrica dos Atributos do Todo, a Fonte, o Absoluto e assim, cada um Colapsa a Função de Onda, de sua maneira até formar a Energia Condensada da Fisicalidade, porque tudo é Energia, Frequência e Vibração.
Tudo funciona e Existe em Função da Mente.
A Realidade Externa é uma Onda de Energias Fluindo incessantemente.
E a Energia é um Pacote de Informação.
Vandalismo (Augusto dos Anjos)
Vandalismo (Augusto dos Anjos)
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas,
Cintilações de lâmpadas suspensas,
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais,
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a Imagem dos meus próprios sonhos!
Augusto dos Anjos
Algumas palavras que caíram em desuso ou são mais difíceis são:
- priscas: antigas, velhas
- nume: divindade, gênio
- fúlgidas é o feminino plural de fúlgido, que significa "que fulge, brilha" ou "brilhante, fulgente" .
- colunatas é o plural de colunata, que significa "[Arquitetura] Série de colunas enfileiradas simetricamente para adornar um edifício".
- ogiva: arco pontiagudo
- lustrais: purificadores, sagrados
- ametistas: pedras preciosas de cor roxa
- florões: ornamentos em forma de flor
- Templários: membros de uma ordem militar religiosa da Idade Média
- gládios: espadas curtas e largas
- hastas: lanças, dardos
- iconoclastas: quebradores de imagens sagradas
Tabacaria!
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Comem-me, vermes, e não deixem nada,
Nem este lamento que sobra de mim, nem esta saudade que me dói!)
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno — não concebo bem o quê —,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Álvaro de Campos, 15-1-1928