Sofro, logo existo! Parece exageradamente dramático, não acha? Antes, quando mais jovem, eu seria o primeiro a concordar que sou sim dramático, porque é minha natureza de leonino. Afinal era o que diziam a meu respeito com o devido despeito quanto aos meus sentimentos e a resposta estava no meu signo ser de leão.
Porém, o tempo passou e os entusiastas de outrora que acreditavam e aguardavam ansiosamente a “Nova Era”, onde transcenderíamos tudo o que nos apequenava e limitava e teve milhares de representantes da New Age que popularizaram a idéia que faríamos contato com alienígenas, e hoje são esses ávidos consumidores de antidepressivos.
Também pudera, todos tinham a fórmula dessa tal felicidade e todos entoavam o mantra que formou muitos gurus da autoajuda: é você quem cria a sua Realidade. Se isso fosse verdade, certo que o mundo não estaria chafurdado na merda em que está.
Não! A baita empreitada de mudar a si mesmo, definitivamente não muda o que acontece no mundo externo, apenas muda como você reage a ele. No entanto, a questão central é que as pessoas voltaram a questionar coisas como: “a felicidade existe?”
Bem, eu parto da premissa que se muito antes dos filósofos gregos todos vêm tentando responder a essa pergunta fica evidente que a “Felicidade” não existe. Claro, o prazer existe, mas é sabido que o prazer se manifesta primeiro como o desejo que precisa ser satisfeito para preencher uma falta. Você deseja algo que não tem e que lhe faz falta e sofre pela falta desse algo. Então você sofre de ansiedade para realizar o desejo e isso tudo de ansiedade que acarreta stress, aumenta significativamente se você tiver que trabalhar horas a fio para comprar o mais recente e caro IPhone. Daí, você obtém o que tanto desejou e tem sua cota de hormônios do prazer e isso pode durar mais que um pouco, mas depois vem o desencanto com o que adquiriu e assim você passa a desejar outras coisas. Somos seres insaciáveis, logo a Felicidade não está em se poder realizar todos os desejos para se ter prazer eternamente até antes de você envelhecer e começar a definhar e morrer.
Se a tal “Felicidade” fosse conseguir tudo o que se quer Mick Jagger seria o homem mais feliz do planeta, tanto que ele compôs “God Gave Me Everything”.
Às vezes tenho uma postura de Diógenes, o Cão que foi o mais célebre filósofo da escola do cinismo, tanto que outro dia encontrei a “Felicidade” num saco de biscoitos de polvilho.
Sexo e Felicidade duram o quanto dura um orgasmo, mas ter depois que cuidar de filhos é perene e eles costumam quando maiores se voltarem contra seus pais.
Falei do concorrido, disputado e suado prazer idealizado, sonhado e desejado, mas a vida oferece muito mais desprazeres e dissabores que prazer. Para o meu falecido ídolo Antonio Abujamra, a Felicidade é um lixo de ilusão e a Vida é uma causa perdida.
Sendo assim, recorro à máxima de Albert Camus no livro “O Mito de Sísifo”: “Só há um problema sério filosófico: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a pergunta fundamental da filosofia”. Destarte, confirmando a célebre asserção de Sócrates: “Só sei que nada sei.” convoco a sabedoria lúgubre de H.P. Lovecraft: “Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a mares negros de infinitude e não fomos feitos para ir longe.”
Porque a Felicidade só existe para os ingênuos e principiantes, uma vez que tudo tem que morrer, nascemos e viemos à Vida sem etiqueta informando quando o prazo de validade irá expirar. Nascemos com a sentença de Morte e se tivermos menos azar do que sorte não morreremos de morte trágica e violenta enquanto fazíamos sérios planos para quando fôssemos ser felizes para sempre.
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